sábado, 23 de outubro de 2010

UM PRESENTE PARA O REI PELÉ

A Copa do Mundo de 1958, na Suécia, terminou com o Brasil campeão, e Pelé foi escolhido o melhor jogador do torneio. O Presidente Juscelino Kubitschek, cá no Brasil, ao mesmo tempo em que ficou feliz, preocupou-se. Teria que, obrigatoriamente, preparar uma recepção à altura dos campeões do mundo. E assim o fez.
No dia 2 de julho chegaram os vitoriosos no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, então capital da República do Brasil. Eles desfilaram pela Avenida Rio Branco e depois foram para o Palácio do Catete. Lá foram recebidos por um impaciente presidente Juscelino que estranhara a demora da comitiva. O motivo do atraso- depois ele saberia- fora um acordo que o dono dos Diários Associados, Assis Chateaubriand, fizera com o chefe dos batedores da Polícia Militar: Antes de irem ao Catete, desviariam a rota na direção da sede da revista O Cruzeiro, onde alguns familiares dos atletas os aguardavam. As fotos e reportagens- é óbvio- sairiam em primeira mão.
Na sede do Governo Federal os jogadores receberam honrarias, com direito ao discurso de um orgulhoso Presidente da República que enalteceu, dentre outras qualidades do selecionado brasileiro, a figura do jovem Pelé que, com apenas 17 anos, tinha sido o destaque da equipe. E bradou diretamente ao craque:
- Pelé, pelo seu desempenho nesta campanha vitoriosa, onde você foi escolhido o melhor jogador do Brasil, eu quero lhe dar um prêmio.

Pelé, que olhava atentamente para o presidente, desviou o olhar para um grande objeto coberto por um lençol, estrategicamente colocado em frente ao palácio, logo atrás do palanque.
- Ali está o meu prêmio- pensou. É um automóvel zero quilômetro! O primeiro de muitos que eu vou ter, se Deus quiser!
E agradeceu ao presidente, tentando conter a euforia:
- Obrigado Sr. presidente! Muito obrigado!

O presidente fez um gesto, e dois seguranças começaram a retirar o lençol que cobria o prêmio do futuro rei do futebol.
E complementou o presidente:
- Vamos lá, Pelé! Entre no veículo! Ele é seu!

Pelé, meio sem jeito e [no seu íntimo] decepcionado, agradeceu novamente, aguardou que lhe abrissem a porta, e entrou na Romi Isetta*.
Os demais jogadores seguraram as gargalhadas, botando a mão no rosto ou olhando para o lado.
Pelé- sim, notava-se!- estava vermelho de vergonha.


* A Romi-Isetta foi o primeiro automóvel produzido no Brasil, entre 1956 e 1961, pelas Indústrias Romi S.A., com sede em Santa Bárbara d'Oeste, interior de São Paulo. Ele era um pouco maior que uma lambreta, só que tinha três rodas: duas na frente e uma atrás. A porta, única, era no painel dianteiro. Quando ela abria, todo o painel [com direção e tudo] ia junto.

Comprimento (mm): 2285 mm
Largura (mm): 1380 mm
Altura (mm): 1340 mm
Peso bruto (kg): 350 kg
Consumo: 25 km/l aproximadamente
Depósito (l): 13 l para combustível

Nenhum comentário:

BATISTELLA FUTEBOL CLUBE?

2021, 25 de dezembro. Observem e analisem a imagem mostrada em anexo e tentem adivinhar, sem consultar o Google, em que cidade se localiza ...