terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A NOIVA RUSSA

Meu amigo Odilon, aos 38 anos era um solteirão não muito convicto, pois procurava em cada novo rosto bonito de mulher que encontrava, a musa dos seus sonhos. Apesar de bem apessoado e em boa forma física permanente, sua timidez não contribuía para um sucesso maior com as mulheres. Conseguia, de tempos em tempos, uma namorada aqui, outra acolá, mas após as primeiras investidas mais impetuosas, a paixão se esvaía de per si, diante da falta de repertório verbal que às vezes era de parte á parte.

2006, 17 de dezembro, 10 da manhã. Enquanto o SC Internacional enfrentava o FC Barcelona, pelo título mundial, o Odilon - alheio à disputa e à algazarra que nós, seus colegas de apartamento, promoviamos, uns torcendo a favor, outros contra o colorado gaúcho - navegava na internet.
Apesar de torcer pelo Grêmio FBPA, seus esportes preferidos estavam longe do futebol. Ele gostava de tênis, vôlei e ginástica rítmica, embora nem pensasse em praticar nenhuma dessas modalidades. Só quando ele me explicou, é que eu fui entender que suas preferências esportivas eram baseadas nas maiores possibilidades de "babar" pelas seleções de vôlei feminino da Rússia, pelas tenistas russas e pelas ginastas de alguns países da Comunidade dos Estados Independentes. Odilon, o sonhador, se imaginava tendo um caso com uma menina de traços eslavos, loira, olhos verdes meio puxados, longilínea e, em ótima forma.

Ele tinha ouvido falar que após a queda do regime comunista na Rússia, as mulheres estavam mais..., digamos, disponíveis por lá. E é verdade. E elas se soltaram de vez quando universalizou-se o acesso à internet. Candidatas à noiva via web é que não faltavam, e foi num desses sites de noivas que o Odilon entrou. Interessou-se por uma tal de Maria Azerbaieva. A ficha da moça estava em inglês, e era assim: Age: 23; Birthday : 17 Dec 1982; Zodiac sign: Sagittarius; Height: 5'9 ''(1.75 m); Weight: 115 Lbs (54 kg); Hair Color: Blonde; Eye Color: Green; Smoke: Non-Smoker; Drink: Non drinker; Occupation: Student Education- University Marital; Status: Single; English Spoke: good; Religion: Christian; Children: None; Plans Children: Yes; Residence: Tver, Russia.

Feliz coincidência. Nesse dia, segundo os dados apresentados, ela estava de aniversário. Entusiasmado ao exagero, Odilon, a essa altura, o romântico, caprichou na mensagem, num inglês p'ra lá de fajuto:
"Dear Maria,Among all the women I've ever met, none is so beautiful as you.Do you believe in love at first sight?I want to know you better. I await response."

Esta mensagem ele me mostrou. A resposta dela, bem como as outras mensagens [com fotos] que trocaram, Odilon, o tolo, preferiu manter em segredo. Bem feito p'ra ele.

Uns dois meses depois ele se transformou em Odilon, o preocupado. Não resisti e, também preocupado, perguntei ao meu velho amigo o que estava acontecendo. Antes que ele me respondesse, nosso amigo Paulo, o estabanado, chegou, de sopetão, e interrompeu a conversa, dizendo que as "noivas russas" na verdade eram quadrilhas de criminosos de mesma nacionalidade que extorquiam dinheiro de estrangeiros pela internet. Eles colocavam em um site de relacionamentos algumas fotos de russas bonitas, atrizes e/ou modelos famosas (sem que essas soubessem), e descreviam seus perfis como sendo moças modestas e simples que procuravam um noivo. A noiva virtual escrevia que sonhava encontrar-se com o pretendente, mas precisava de dinheiro para pagar as despesas do visto e da passagem aérea. Assim que conseguia a quantia necessária para a "passagem", desaparecia do mapa.

Pronto. Odilon, o triste, nem precisou me contar o que estava acontecendo. Ele já tinha enviado dinheiro - U$ 2,300.00 - para a suposta noiva, e nada mais havia a comentar sobre o assunto. Antes de me retirar, arrisquei mais uma pergunta:
- Odilon..., a suposta Maria, da Rússia, disse quando viria te encontrar?
- Disse! - respondeu-me ele - Ela vai, digo, iria "chegar" amanhã, em São Paulo, e depois pegaria outro vôo para Porto Alegre, e eu iria esperar ela por lá. Mas isto não tem mais nenhuma importância. me sentindo envergonhado de ser tão trouxa!

Tentei animar o cara, dizendo que estas coisas podem acontecer com qualquer pessoa, mas ao mesmo tempo me lembrava do velho golpe do bilhete premiado. Ele estava bem à nossa frente, sob uma versão..., digamos, mais romântica.

Dois dias depois corri para atender o telefone que se esganiçava tocando:
- Alô!
- Hello, Adilan?! - gritou uma voz feminina do outro lado da linha.
- Aqui não mora ninguém com este nom...
- I da nat understand, that you say... - retrucou a mulher. I want speak with
Adilan! Why da nat you came find me?

Então compreendi aquele inglês com sotaque bem estranho. Pedi para ela aguardar na linha e fui chamar o "Adílan".

Odilon, o desconfiado..., Odilon, o esperançoso, escutou e suportou, feliz, todos os xingamentos de Maria Azerbaieva, que o tinha esperado, em vão, no aeroporto de Porto Alegre, e que estava agora em um hotel das proximidades, indignada, aflita e chorosa, mas ao mesmo tempo cheia de amor para dar a Odilon, o sortudo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá meu nome é Marcelo.

Por gentileza. Qual o nome do site?

Não sabia que tinha site confiável.

Com todo o respeito, Você tem como confirmar esta história?

Sugestão. Você pode confirmar a história através do Facebook seu e de seu amigo.

Se puder, mande os links para:

temporarios_2525@hotmail.com

Obrigado pela atenção.

Anônimo disse...

Olá Sérgio Fontana.

Eu mandei um Email com o título “História da Noiva Russa” para: oseculoxx.blog@gmail.com

Você ainda usa este seu Email?

Gostaria muito que, por gentileza, você respondesse ao meu Email enviado.

Verifique, por favor, na lixeira se o meu Email não foi parar lá.

Enviei uma 2º via do mesmo Email só para garantir.

Obrigado e tenha uma boa tarde!

BATISTELLA FUTEBOL CLUBE?

2021, 25 de dezembro. Observem e analisem a imagem mostrada em anexo e tentem adivinhar, sem consultar o Google, em que cidade se localiza ...