Em
“O
Espelho de Arquimedes” , narrado neste blog, o rei de Siracusa, Hierão [ou
Hieron] II, contratou o famoso Arquimedes - inventor, físico, matemático, filósofo
e engenheiro, etc. – para projetar e construir dispositivos de guerra para
combater os romanos. O estratagema deu certo e os romanos sofreram reveses
consideráveis em função das invenções do sábio siracusano.
Acostumou-se o rei a ter Arquimedes por perto para resolver
seus problemas, dos mais simples aos mais complexos.
Assim, contratou-o certa
vez para...
Vamos retroceder um pouco:
Hieron encomendou a um ourives – artesão que faz peças de
ouro e prata – uma coroa de ouro puro. Quando a recebeu , desconfiou que a
mesma não era feita totalmente de ouro porque já havia denúncias de que o
ourives, eventualmente, utilizava em seus trabalhos uma liga de ouro e prata.
Chamou então Arquimedes para certificar-se da qualidade do
material utilizado na confecção da reluzente coroa. Mas Arquimedes, dessa vez,
não sabia o que responder ao rei.
Um dia, porém, enquanto entrava em uma banheira cheia d’água,
Arquimedes percebeu que seu corpo deslocava um determinado volume de água, e
que o nível da água na banheira subia à medida que nela mergulhava. Saiu da
banheira, e o nível voltou ao normal; entrou novamente, e o nível d’água subiu.
Concluiu, de imediato, que ao entrar na banheira deslocava determinado volume
de água, e que esse volume era igual ao volume do seu próprio corpo imerso na água.
Também não lhe passou despercebido que o seu corpo, mergulhado, parecia mais
leve porque a água o empurrava para cima.
Entusiasmou-se tanto Arquimedes, a ponto de esquecer que
estava nu, saltou da banheira e saiu gritando pelas ruas de Siracusa: - Heureka!
Heureka! (Descobri!
Descobri!).
Ele sabia agora como medir o volume da coroa. Relatando ao
rei o fato, tratou logo de trabalhar no assunto.
Utilizando dois recipientes - um menor dentro de outro um
pouco maior -, colocou a coroa no recipiente menor cheio de água, que
transbordou em parte, caindo no outro recipiente. Mediu o volume do líquido que
transbordou e concluiu que esse volume correspondia ao volume da coroa.
Sabendo o volume da coroa, encomendou [a outro ourives de
sua confiança] objetos com volume igual ao da coroa: um de ouro puro e outro de
prata, ambos maciços. De posse dos objetos, dias depois, colocou a coroa do rei
num dos pratos de uma balança; no outro prato colocou, um de cada vez, os
objetos de ouro e de prata.
Verificou então que a coroa era mais leve que o objeto de
ouro maciço e mais pesada que o de prata. Com isso pode confirmar ao rei que a
coroa não era de ouro puro, mas feita de uma liga de ouro e prata.
O que aconteceu depois com o ourives do rei, a lenda não
conta.
Ronan, Colin A. Das Origens à
Grécia. História Ilustrada da Ciência. Rio de Janeiro, Zahar, 1994. p. 118-9.
Barros, C. e Paulino, W. Ciências
– Física e Química.
Imagem: ARQUIVO ICONOGRÁFICO, S.A. / CORBIS / STOCK PHOTOS
TEXTO READAPTADO POR
Sérgio M. P. Fontana