1953. No Brasil, até [pelo menos] essa data, botar as roupas de molho com uma pedra de anil - para deixar mais brancas as roupas brancas e dar um realce às cores das roupas coloridas -, alvejar [com água sanitária], esfregar, torcer, quarar - colocar as roupas brancas ensaboadas no sol para clareá-las ainda mais - e enxaguar, fazia parte da rotina das donas-de-casa, de acordo com as orientações passadas de mãe para filha desde
... desde sempre.
Prometendo um branco ainda mais branco, a Sociedade Anônima Irmãos Lever, filial brasileira da Unilever - empresa criada em 02 de setembro de 1929, um mês e meio antes da maior queda da bolsa de valores de Nova York - lançou o
Rinso, primeiro sabão em pó fabricado no Brasil, à base de gordura e óleos vegetais. A fábrica ficava na Vila Anastácio, zona oeste da cidade de São Paulo.
Prevendo dificuldades na divulgação e utilização do produto, a empresa contratou
demonstradoras que iam de porta em porta perguntando às donas-de-casa: "Posso usar seu
tanque?" Assim, mostravam como se utilizava o novo produto.
Em seguida, as demonstrações passaram a ser públicas, em tanques montados em parques,
cinemas ou teatros e caminhões. Fizeram isto em mais de 120 cidades brasileiras.
Amparada pelo sucesso da mais nova forma de lavar roupa [ainda sem máquina], a Irmãos Lever resolveu lançar, em 1957, um "concorrente" para o seu
Rinso. Nascia o OMO - acrônimo inglês para Old Mother Owl, cuja tradução literal é "Velha Mãe Coruja", um sabão em pó sintético, à base de matérias-primas químicas, e de coloração azul-claro, talvez em referência [ou reverência] às antigas pedras de anil, associadas a roupas, digamos, super-brancas.
¿O
Rinso era verde-claro ou branco? Não lembro.
Enquanto isso, lá nos 60's, imaginando que o OMO era um "rival" do
Rinso, eu prestava atenção sobre qual das duas marcas de sabão-em-pó era a preferida da minha mãe. Em seguida me dei conta que o fator principal da escolha dela era o preço. Ela comprava o que estava mais barato. Ora um, ora outro.
A crescente escalada da marca OMO deu a seus fabricantes a segurança de, aos poucos, abandonar seu primogênito. Assim, imagino que lá pelo início dos 70's, após perder mercado para o seu irmão caçula, o
Rinso parou de ser fabricado no Brasil, mas de lá para cá muita gente por aqui, quando quer se referir a qualquer sabão-em-pó diz "
Rinso".
Post scriptum para os saudosistas:
Na Austrália, EE.UU., Indonésia e U.K. o
Rinso ainda é fabricado.