Contada [a partir do final do século XIX] pelos brasileiros que defendiam o fim da escravidão, a lenda do Negrinho do Pastoreio é, de todas, a mais popular do Rio Grande do Sul, com versões mais brandas [para crianças] ou chocantes, dependendo do público alvo.
Em seu livro Lendas do Sul, o escritor pelotense João Simões Lopes Neto (Pelotas, 09/03/1865 - Pelotas, 14/06/1916) conta a história de um menino negro, ainda pequeno, escravo de um estancieiro muito mau. O menino não tinha nome, nem padrinhos. Ele dizia que era afilhado da Virgem Maria e era conhecido apenas como Negrinho.
Escravo, e [ainda por cima] órfão, o menino era maltratado por todos, principalmente pelos filhos do estancieiro, sofrendo inúmeros castigos e barbaridades.
Ao perder alguns cavalos de seu senhor, foi chicoteado sem piedade. Seu corpo, então, moribundo foi jogado sobre um enorme formigueiro para que as formigas o devorassem.
No dia seguinte, o estancieiro, atormentado e arrependido, correu ao local e não mais encontrou o menino. Em vez disso, viu Nossa Senhora, indicando que o menino agora estava no céu. E viu também o Negrinho com a pele sem marcas e feliz, montado em um cavalo baio, pastoreando uma tropilha de cavalos invisíveis. A partir de então passaram a ser vistos muitos pastoreios, tocados por um menino negro montado em um cavalo baio.
Negrinho do Pastoreio - Gineteando o baio nos céus Aldo Locatelli / Palácio Piratini, PoA, RS Origem da foto: http://taislc.blogspot.com.br/2010/03/aldo-locatelli.html |
A tradição popular concedeu ao Negrinho do Pastoreio poderes sobrenaturais, e ele foi canonizado, possuindo, hoje, inúmeros devotos.
O Negrinho do Pastoreio encontra objetos perdidos, bastando prometer e acender-lhe um toquinho de vela que será dado por ele à sua madrinha. Em algumas versões, oferece-se também, um naco de fumo para o menino.
Esta postagem vai para o meu amigo Carlos Moacir Moa
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