1987, 28 de maio – 18:55 h. Após percorrer 850 quilômetros e atravessar a defesa antiaérea soviética, o monomotor Cessna-172R aterrissou na Praça Vermelha, em Moscou. O fato foi destaque em diversos centros de notícias ocidentais, causando grande choque nas lideranças da União Soviética.
Quando a aeronave [proveniente de Hamburgo, Alemanha Ocidental] pousou suavemente, o piloto amador Mathias Rust, 19 anos, sorridente e vestindo um macacão vermelho, desembarcou e começou a distribuir autógrafos entre alguns atônitos e curiosos moscovitas. Quinze minutos depois a polícia chegou e Rust foi levado para um local desconhecido, onde ficou preso por, pelo menos, 14 meses.
Essa violação do espaço aéreo soviético, efetuada [através da fronteira da Estônia] por uma pequena aeronave, evidenciou os problemas existentes no sistema de defesa antiaérea da URSS, uma vez que o avião poderia ser capaz de levar a bordo munição nuclear ou bombas com substâncias tóxicas. Três marechais e cerca de 300 generais e coronéis responsáveis pela defesa antiaérea foram demitidos, o que não acontecia desde a repressão stalinista de 1937. Gorbachev usou a desculpa da falha no sistema de defesa para exonerar vários militares do alto escalão que não aceitavam seu método de governo voltado para a democratização e abertura informativa gradual da sociedade soviética.
Igor Maltsev, chefe do Estado Maior, que por coincidência estava em Tallinn participando de trabalhos no parlamento da Estônia, muito tempo depois, comentou: “Não acreditei. Fomos ao posto de comando de defesa antiaérea nos subúrbios de Tallinn e soubemos que Rust havia cruzado a fronteira na Estônia.” E complementou: “A defesa antiaérea soviética tinha sido concebida para combater ataques aéreos maciços contra alvos no território soviético, e não para lutar contra aeronaves esportivas. Éramos realmente a mais eficaz do mundo naquela época.”
Outra razão para explicar a falha se deve à adesão soviética ao protocolo da Convenção de Aviação Civil Internacional, que proibia derrubar aviões civis onde quer que sobrevoassem. O documento foi assinado após o caso de um jumbo sul-coreano derrubado pela defesa antiaérea soviética no Extremo Oriente, em 1983, por ter violado o espaço aéreo da URSS. O ministro da Defesa também emitiu, na época, um despacho proibindo abrir fogo contra aviões de passageiros, carga e aeronaves leves.
“Por razões desconhecidas, esse fato foi omitido naquela época e continua omitido ainda hoje” – disse Maltsev.
Sabe-se também que os radares monitoravam todas as aeronaves, podendo, contudo, identificar somente aquelas equipadas com sistemas de identificação “amigo-inimigo”. Aviões pequenos, que poderiam ter finalidade agrícola ou esportiva, não possuíam esses dispositivos e eram, a toda hora, detectados por um setor específico da defesa antiaérea. O avião de Rust era semelhante a esses, razão pela qual não foi identificado como violador de fronteira, mas como infrator do regulamento de vôos.
A aventura de Rust, de certa forma, acelerou o processo de reformas que Mikhail Gorbachev pretendia implantar na URSS, pois o fato foi considerado humilhante para quem acreditava na invulnerabilidade da Cortina de Ferro.
Origem das fotos http://obviousmag.org/
Essa violação do espaço aéreo soviético, efetuada [através da fronteira da Estônia] por uma pequena aeronave, evidenciou os problemas existentes no sistema de defesa antiaérea da URSS, uma vez que o avião poderia ser capaz de levar a bordo munição nuclear ou bombas com substâncias tóxicas. Três marechais e cerca de 300 generais e coronéis responsáveis pela defesa antiaérea foram demitidos, o que não acontecia desde a repressão stalinista de 1937. Gorbachev usou a desculpa da falha no sistema de defesa para exonerar vários militares do alto escalão que não aceitavam seu método de governo voltado para a democratização e abertura informativa gradual da sociedade soviética.
Igor Maltsev, chefe do Estado Maior, que por coincidência estava em Tallinn participando de trabalhos no parlamento da Estônia, muito tempo depois, comentou: “Não acreditei. Fomos ao posto de comando de defesa antiaérea nos subúrbios de Tallinn e soubemos que Rust havia cruzado a fronteira na Estônia.” E complementou: “A defesa antiaérea soviética tinha sido concebida para combater ataques aéreos maciços contra alvos no território soviético, e não para lutar contra aeronaves esportivas. Éramos realmente a mais eficaz do mundo naquela época.”
Outra razão para explicar a falha se deve à adesão soviética ao protocolo da Convenção de Aviação Civil Internacional, que proibia derrubar aviões civis onde quer que sobrevoassem. O documento foi assinado após o caso de um jumbo sul-coreano derrubado pela defesa antiaérea soviética no Extremo Oriente, em 1983, por ter violado o espaço aéreo da URSS. O ministro da Defesa também emitiu, na época, um despacho proibindo abrir fogo contra aviões de passageiros, carga e aeronaves leves.
“Por razões desconhecidas, esse fato foi omitido naquela época e continua omitido ainda hoje” – disse Maltsev.
O julgamento de Mathias Rust
A aventura de Rust, de certa forma, acelerou o processo de reformas que Mikhail Gorbachev pretendia implantar na URSS, pois o fato foi considerado humilhante para quem acreditava na invulnerabilidade da Cortina de Ferro.
Origem das fotos http://obviousmag.org/
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