PEABIRU - A versão mais popular dá conta que os peabiru (na língua tupi, "pe" – caminho; "abiru" - gramado amassado) são antigos caminhos utilizados pelos indígenas sul-americanos desde muito antes do descobrimento pelos europeus, ligando o litoral ao interior do continente. A designação Caminho do Peabiru foi empregada pela primeira vez pelo jesuíta Pedro Lozano em sua obra "História da Conquista do Paraguai, Rio da Prata e Tucumán", no início do século XVIII.
1514. Aqui começa a história do descobrimento do Rio da Prata pelos europeus, quando os portugueses mandaram uma expedição para procurar uma possível passagem navegável através do continente americano, na tentativa de encontrar um misterioso oceano recém descoberto pelos espanhóis no ano anterior, ao cruzarem montanhas e selvas do Panamá no sentido leste-oeste.
1514. Aqui começa a história do descobrimento do Rio da Prata pelos europeus, quando os portugueses mandaram uma expedição para procurar uma possível passagem navegável através do continente americano, na tentativa de encontrar um misterioso oceano recém descoberto pelos espanhóis no ano anterior, ao cruzarem montanhas e selvas do Panamá no sentido leste-oeste.
Não parece
ter sido fácil a missão confiada a Estevão Fróis e João de Lisboa, capitães das
duas caravelas que partiram de Portugal em fevereiro, rumo ao Brasil, chegando
à Cananeia, descoberta em 1502 por Gonçalo Coelho, e ponto extremo sul das
navegações portuguesas até àquele momento. Dali prosseguiram em direção ao sul,
passando pela Ilha de São Francisco do Sul, descoberta dez anos antes pelo
navegador francês Binot Paulmier de Gonneville. Ninguém havia ultrapassado essa
latitude em direção ao sul, ou seja, daí para frente todo o território era
desconhecido.
Fig. 1 - nau portuguesa do século XVI |
Mais além – localizemo-nos geograficamente: de Laguna até Punta del Este -, os navegadores se depararam com cerca de 900 Km de costas baixas, arenosas e retilíneas, sem portos naturais que permitissem ancoradouro para suas embarcações. Encontraram, em julho, na altura do paralelo 35, uma grande abertura em direção ao interior do continente, viraram à estibordo e penetraram no estuário, navegando por cerca de 50 léguas – a “légua” utilizada em Portugal à época das grandes navegações equivalia a 6,179 Km – até serem detidos pelo mau tempo, próximos ao local onde, hoje, fica Buenos Aires.
Desembarcaram.
Ali encontraram índios que, em função das baixas temperaturas, se cobriam com
peles de animais viradas ao avesso, amarradas com cintas de um palmo de
largura. E contaram-lhes os índios, no decorrer das interações que se seguiram,
sobre as “grandes montanhas onde a neve nunca desaparece” e sobre “um povo
serrano que possui muitíssimo ouro batido, usado à moda de armadura, na frente
e ao peito”. Acreditaram nas narrativas dos índios por conta de um machado de
prata que esses lhes mostraram e, depois, lhes venderam. Levado para Portugal,
o machado foi entregue ao rei Dom Manuel, o venturoso, - Alcochete, 31/05/1469;
Lisboa, 13/12/1521 - e serviu como prova da existência das riquezas um pouco
além da região recém descoberta.
Transmitidas de boca em boca, a partir das revelações de João de Lisboa, quando este desembarcou na Ilha da Madeira, em sua viagem de volta a Portugal, essas notícias foram transcritas por um comerciante europeu, quiçá, Cristóvão de Haro, de origem flamenga - que ajudou a financiar a viagem de Estevão Fróis e João de Lisboa - e transformadas em um folheto denominado Newen Zeytung aus Presilg Landt – traduzindo para o português: A Nova Gazeta da Terra do Brasil - que depois foi reproduzido e, em alguns meios, divulgado. Há controvérsias sobre o conteúdo das informações relacionadas à descoberta que chegaram à Espanha, cujo rei, Dom Fernando II, el católico, - Sos, 10/03/1452; Madrigalejo, 23/01/1516 - concluindo que o território alcançado pelos portugueses ficava além das 370 léguas – algo em torno de 1780 Km - a Oeste das ilhas de Cabo Verde, estabelecidas pelo Tratado de Tordesilhas, destacou o navegador Juan Díaz de Solís para explorar a região.
Transmitidas de boca em boca, a partir das revelações de João de Lisboa, quando este desembarcou na Ilha da Madeira, em sua viagem de volta a Portugal, essas notícias foram transcritas por um comerciante europeu, quiçá, Cristóvão de Haro, de origem flamenga - que ajudou a financiar a viagem de Estevão Fróis e João de Lisboa - e transformadas em um folheto denominado Newen Zeytung aus Presilg Landt – traduzindo para o português: A Nova Gazeta da Terra do Brasil - que depois foi reproduzido e, em alguns meios, divulgado. Há controvérsias sobre o conteúdo das informações relacionadas à descoberta que chegaram à Espanha, cujo rei, Dom Fernando II, el católico, - Sos, 10/03/1452; Madrigalejo, 23/01/1516 - concluindo que o território alcançado pelos portugueses ficava além das 370 léguas – algo em torno de 1780 Km - a Oeste das ilhas de Cabo Verde, estabelecidas pelo Tratado de Tordesilhas, destacou o navegador Juan Díaz de Solís para explorar a região.
Fig. 2 - mapa da América do Sul |
Com duas
caravelas, setenta tripulantes e mantimentos para dois anos e meio a expedição
de Juan Díaz de Solís partiu do porto de Lepe em 8 de outubro de 1515, em uma
jornada que durou três meses. Quando chegaram ao imenso estuário, foram
costeando a margem de estibordo, e conta o cronista Antônio de Herrera que
descobriram “montanhas e outros grandes penhascos, vendo gente nas
ribeiras...”. Em um escaler, acompanhado por nove dos seus homens, Juan Díaz de
Solís desembarcou com o objetivo de verificar quem eram aqueles nativos e para
levar, quem sabe, um deles para Castela. Não foi uma boa ideia. Segundo
Herrera, quando viram os castellanos
longe do seu barco, os índios [possivelmente da etnia Chaná] os cercaram,
mataram e devoraram. Salvou-se [ou foi poupado] um jovem grumete de 13 anos. Em
atitude de prudência, os homens de Juan Díaz de Solís, que fora um dos mortos
pelos índios, resolveram voltar à Espanha.
Enquanto isso,
em Portugal, o rei Dom Manuel, alertado sobre as manobras do monarca espanhol,
encaminhou providências para firmar sua posse nos territórios que cabiam a
Portugal por conta do tratado assinado em 1494, determinando ao fidalgo Cristóvão
Jacques que, de pronto, organizasse uma expedição à Terra do Brasil –
denominação utilizada de 1505 a 1526 - também com a finalidade de chefiar a
organização do comércio do pau-brasil. Assim, [acredita-se que] em agosto de
1516, trezentos tripulantes distribuídos em duas ou três caravelas – há
controvérsias sobre o número de caravelas – fizeram parte do efetivo que
culminou com a chegada dos primeiros colonos ao Brasil, muitos dos quais se
limitaram a interagir com os nativos, adotando seus costumes e vivendo em
poligamia com três ou quatro índias, cada.
Seis anos se
passaram desde a malograda aventura de Solís, até que os ibéricos voltassem a
manifestar interesse em se aventurar com afinco naquela transição entre o rio e
o mar, situada a mais de 145 léguas ao sul do último ponto da linha de
Tordesilhas. Antes, em janeiro de 1520, a expedição de Fernão de Magalhães por
ali esteve, explorando a região por cerca de um mês. Tendo enviado uma de suas
naus para o interior da embocadura, e tendo essa retornado, quinze dias depois,
com a notícia de que não existia uma passagem para mar aberto, e que o rio
recebia muitos afluentes, decidiu prosseguir em direção ao sul, em busca da
suposta passagem que acreditava existir na altura do paralelo 40.
Em novembro
de 1521 foi a vez de Cristóvão Jacques, que houvera retornado a Portugal em
1519, após a fundação e consolidação da feitoria [da ilha] de Itamaracá, a
partir da qual passou a explorar e enviar pau-brasil para Portugal. Ele zarpou
de Lisboa no comando de 60 homens, distribuídos em duas caravelas, com o
objetivo de explorar o até então chamado [pelos espanhóis] Mar Dulce ou Rio de
Solís, descoberto em 1514 por Estevão Fróis e João de Lisboa. Guiado pelo
português Melchior Ramires, um náufrago da expedição de Solís, que vivia [com
os índios Guarani] já há cinco anos no Porto dos Patos – atual Passo do Macabu,
em Palhoça, SC – Jacques dobrou o Cabo de Santa Maria, no paralelo 35 S, e
enveredou por cerca de 45 ou 46 léguas até a ilha hoje conhecida como Isla San Gabriel, bem em frente à atual Colonia del Sacramento, ROU. Encontrou
no local, vivendo entre os índios Charrua, o ex-aprendiz Francisco del Puerto, o
sobrevivente da infeliz comitiva de Juan Díaz de Solís. Esse confirmou todas as
histórias contadas a outros navegadores, relacionadas à existência de uma
montanha formada ou recheada de prata, em território controlado por um poderoso
rei branco, protegido por um exército treinado e bem armado.
Tendo
ancorado as caravelas em San Gabriel,
Cristóvão Jacques, e tantos quantos couberam em dois bateis, percorreu o rio
Paraná em busca de mais pistas relacionadas aos propalados tesouros que
poderiam haver mais além. Vinte e três léguas rio acima encontrou outros índios
que exibiram e lhe deram pedaços de prata e de cobre, além de algumas pedras
com veios de ouro. Informaram-lhe, porém, que a montanha de prata, bem como o
território do tal rei branco, ficavam 300 léguas adiante, onde as montanhas
eram cobertas de neve. Conformou-se Jacques com a impossibilidade de cobrir
tamanha distância, contra a corrente e embrenhando-se cada vez mais para o
interior daquela terra incerta. Retornou com seus homens às caravelas e rumou
para Portugal em abril de 1522, com a ideia fixa de organizar uma nova
expedição à região da Sierra del Plata
ou ao Rio de La Plata – denominações
utilizadas pelos náufragos da expedição de Solís que o acompanharam. Quatro
meses antes, no entanto, falecera o rei D. Manuel, e ao chegar a Lisboa, Cristóvão
Jacques não mais obteve apoio para dar sequência ao projeto de exploração no
além-mar, até a distante região do Prata. Seu inconformismo [com o rei de
Portugal, D. João III] o fez bandear-se para o lado dos espanhóis.
Fig. 3 - estuário do Rio de la Plata |
Voltemos a
1516 e ao retorno das duas caravelas da expedição de Juan Díaz de Solís à
Espanha. Enquanto a caravela comandada por Francisco Torres chegava à feitoria
portuguesa localizada na Baía dos Inocentes - atual Baía de Guanabara –, a
outra caravela que passava por dificuldades na altura do paralelo 27, naufragava
na tentativa de entrar na baía sul de Meiembipe
– atual Ilha de Santa Catarina. Os sobreviventes – especula-se que foram onze –
juntaram-se a índios Carijó e passaram a viver naquela ilha,
transferindo-se depois para o continente, ao local conhecido como Porto dos
Patos – hoje, conhecido como Baixada ou Baixio do Maciambu, em Palhoça, SC.
Assim, segundo
BUENO (2016, p. 128), “em novembro de
1521, ali viviam nove europeus, cada um deles em companhia de três ou quatro
nativas. Todos tinham seus próprios escravos e mantinham boas relações com os
chefes locais”. Um desses europeus era Aleixo Garcia que com o tempo de
convivência adquiriu a confiança dos índios Carijó ou Guarany, os quais a ele
revelaram a existência de um caminho sagrado, através do qual podiam acompanhar
a trajetória do Kuarahy – Sol, na
língua dos indígenas – em seu “deslocamento” diário de leste a oeste. Nessas
andanças obtinham, em seus contatos e trocas com nativos oriundos de outras
regiões localizadas mais a oeste, objetos de ouro, prata e estanho.
Em 1971, a
Universidade Federal do Paraná revelou pesquisas coordenadas pelo arqueólogo
Igor Chmyz que descobriu vestígios de, aproximadamente, 30 Km de um antigo
caminho, batizado [no século XVIII] pelo jesuíta Pedro Lozano, de O Caminho do
Peabiru. Esse caminho era recoberto por uma gramínea conhecida como puxa-tripa,
semeada pelos índios para impedir o crescimento de árvores e ervas invasoras, e
tinha um desnível de uns 40 cm em relação ao nível do solo. Era pavimentado nos
trechos mais difíceis e tinha cerca de 1,40 m ou 1,60 m – há controvérsias - de
largura, perfazendo algo em torno de 3.000 Km ou 4.000 Km – também há controvérsias
– e constituindo uma ligação entre os Andes e o Atlântico. Passava pelo Peru,
Paraguay, Bolivia e Brasil, com ramificações em direção ao Atlântico, já em
território brasileiro. Uma dessas ramificações iniciava perto da atual cidade
de Ponta Grossa, PR e apontava para nordeste até a próxima ramificação,
distante, cerca de 100 Km. Daí, um caminho ia em direção ao litoral na altura
de onde [hoje] fica São Vicente, e outro continuava na direção do paralelo 25,
até chegar no litoral, em Maratayama
– chamada, a partir de 1531, de Cananeia. Outro trecho, considerado a partir do
primeiro ponto supracitado, derivava para sudeste até o litoral, chegando em Meiembipe. Foi dali, mais precisamente,
do Porto dos Patos, que partiu Aleixo Garcia, em 1524, acompanhado por uma
impressionante quantidade de indígenas [da tribo] Carijó – em torno de dois mil
– rumo às riquezas que ele imaginava ter, por ver os escambos de metais
preciosos dos índios e por ouvir falar, desde há muito tempo, sobre o tal
poderoso rei branco das montanhas “onde a neve nunca desaparece”, e sobre o
ouro batido que recobria a armadura dos nativos daquela região serrana (BUENO,
2016, p. 107).
Viajando cerca
de 2.600 Km a pé e de canoa, explorando a malha de trilhas indígenas que ligava
o litoral da Terra do Brasil ao rio Paraguay, desbravando matas e pântanos e
enfrentando índios hostis, Aleixo Garcia conseguiu chegar, em 1525, até [onde
hoje fica] Cochabamba, na Bolivia, a cerca de 150 Km da mina de prata de Potosí,
descobrindo, em seguida, o império do rei inca Huayna Capac – o “rei branco”
que nem tão branco era. Em luta contra tribos que viviam sob o domínio ou
influência desse rei, conseguiu roubar arrecadar algumas taças de prata,
peitorais de ouro e peças de estanho, dando assim por concluído seu objetivo
inicial, tratando de retirar-se em direção ao local de onde partira. Todavia,
ao chegar à margem do rio Paraguay, o comandante e seus guerreiros foram
atacados pelos índios Payaguá, sofrendo centenas de baixas. Aleixo Garcia
estava morto. Quem sobreviveu, dentre os europeus, tratou de confirmar –
apresentando as provas em forma de objetos de ouro, prata e estanho - os
relatos indígenas [feitos, onze anos antes, a Estevão Fróis e João de Lisboa]
sobre a existência de ouro e prata nos arredores das grandes montanhas.
Fig. 4 - trecho do Caminho do Peabiru no sul do Brasil |
E assim
espalharam-se, e chegaram aos ouvidos dos reis ibéricos, as notícias
relacionadas aos tesouros encontrados nas entranhas daquelas terras [do
além-mar] quase inexploradas, obrigando incentivando portugueses e
espanhóis a organizarem sucessivas expedições para dar sequência à colonização
dos rios da Prata, Paraná e Paraguay, e para ocupar o litoral sul do Brasil.
Fontes:
BUENO, Eduardo. Náufragos, Traficantes e Degredados - As
Primeiras Expedições do Brasil. Estação Brasil. Rio de Janeiro, 2016.
GAY, Cônego João Pedro. História da República Jesuítica
do Paraguay desde o Descobrimento do Rio da Prata até nossos Dias, anno de
1861. Typ. de Domingos Luiz dos Santos. Rio de Janeiro, 1863.
PRIMO, Armando Teixeira. América - Conquista e
Colonização. Movimento. Porto Alegre, 2004.
https://www.sescsp.org.br/online/artigo/5670_PEABIRU+A+TRILHA+MISTERIOSA.
Acesso em: 09/12/2018.
http://ensina.rtp.pt/artigo/os-reis-de-portugal/. Acesso
em: 09/12/2018.
https://www.redalyc.org/pdf/3844/384434820004.pdf.
Acesso em: 09/12/2018.
http://www.monarquiaespanola.es/. Acesso em: 09/12/2018.
https://www.infoescola.com/historia/tratado-de-tordesilhas/.
Acesso em 09/12/2018.
http://cvc.instituto-camoes.pt/navegaport/d31.html.
Acesso em 09/12/2018.
https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/download/119861/117149.
Acesso em: 09/12/2018.
http://www.fluvialmercosul.com.br/bacia_prata/saiba_mais_1.htm.
Acesso em 21/12/2018.
http://www.riodejaneiroaqui.com/pt/casa-de-pedra.html.
Acesso em 26/12/2018.
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1907200917.htm.
Acesso em 26/12/2018.
http://revitalizandoculturas.blogspot.com/2014/12/carijos-e-guaranis-nomes-diferentes-um.html.
Acesso em 26/12/2018.
http://www.valeboaventura.com.br/images/noticias/heranca_indigena/povos_indigenas_em_sc.pdf.
Acesso em 26/12/2018.
http://www.portalpraiasp.com.br/histocananeia.htm.
Acesso em 27/12/2018.
https://www.infoescola.com/historia-do-brasil/caminho-do-peabiru-2/.
Acesso em 28/12/2018.
http://www.noturnafm.com.br/mapas-antigos.htm. Acesso em
07/01/2019.
http://www.historia-brasil.com/seculo-15.htm. Acesso em
07/01/2019.
http://cidadedeipero.com.br/origens-do-municipio/.
Acesso em 07/01/2019.
http://aleixogarcia.blogspot.com/2017/02/de-florianopolis-potosi-peaberu-salto.html.
Acesso em 07/01/2019.
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Rio_de_la_Plata_BA_2.JPG.
Acesso em 07/01/2019.
Figuras:
Fig. 1 - http://www.tribop.pt/MBd/O%20Navio%20S%C3%A3o%20Gabriel%20e%20as%20Naus%20Manuelinas
Fig. 1 - http://www.tribop.pt/MBd/O%20Navio%20S%C3%A3o%20Gabriel%20e%20as%20Naus%20Manuelinas
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