Uma incógnita ficou no ar em 13 de junho, na estréia do Brasil contra a Iugoslávia. O zero a zero, se não desqualificou a seleção que abriu a competição como favorita, deixou os espectadores, telespectadores e toda imprensa mundial meio desconfiados quanto à capacidade da equipe, ainda mais se comparada à que há quatro anos conquistara, em definitivo, a Copa Jules Rimet, no México.
No outro dia, o início discreto da anfitriã Alemanha [Ocidental] contra o Chile, só mostrou que os alemães sabiam cumprir o dever de casa.
Aqui, Overath, meio-campista germânico, dá uma dura num chileno.
A luz vermelha acendeu quando, no terceiro dia de jogos, um jeito diferente de jogar futebol se materializou em uma partida do grupo 3, formado por Bulgária, Holanda, Suécia e Uruguai. Velocidade, aliada a uma técnica apurada, com passes precisos e objetivos, permitiram que a Holanda criasse dezessete chances de gol, só no primeiro tempo, contra um Uruguai impotente. Vi [de novo] esse jogo pela TV, uns anos depois, e pude contar os lances de ataque de cada time. O detalhe mais importante era a movimentação do time holandês. Era uma máquina louca, onde todos corriam atrás da bola ao mesmo tempo e, muitas vezes, embolados com se fossem meninos de colégio jogando bola. E essa atitude, de aparência irracional, pegava de surpresa os adversários e maravilhava as platéias de todo o mundo.
O registro fotográfico abaixo dá uma idéia de como funcionava o chamado futebol-total da Laranja Mecânica ou Carrossel Holandês, apelidos que foram ganhando força no decorrer desse torneio mundial. Na tomada a seguir, os holandeses descem a todo vapor, em contra-ataque. O jogador Perfumo, da seleção argentina, tenta acompanhar a jogada, sem entender direito o que está acontecendo. Nesse jogo que ocorreu na segunda fase da Copa, o placar de quatro a zero confirmou o que a seleção da Holanda já tinha feito contra Uruguai e Bulgária na primeira fase. Os suecos, que eram da mesma chave, descolaram um milagroso empate em zero a zero.
O comandante da seleção holandesa era este aí: Johann Cruijff, cujo nome já era falado como substituto de Pelé. No Ajax ele era um "monstro", e nos campos da Alemanha mostrou, de vez, o seu enorme talento e capacidade de liderança.
Para não esfriar os músculos, a saltitante Laranja Mecânica recomeça a se aquecer antes de um jogo. Instantes atrás, perfilados para a execução do seu hino, tiveram que interromper seus movimentos.
Um raro momento de alegria da seleção da Argentina. O talentoso apoiador Babington comemora o gol de abertura contra a Itália. O resultado do jogo foi um a um.
Mostrando também que não era simples coadjuvante, a Polônia apresentou um excelente futebol. Aliás, em particular, eu acho que o selecionado polonês era melhor do que a seleção alemã que, no final, arrebatou o título. Faltou personalidade aos polacos; foi muito tímida a Polônia no seu penúltimo jogo, que foi contra a Alemanha. Poderia ela - e não a seleção anfitriã - ter alcançado a condição de finalista contra a Holanda. Por outro lado, vencer o Brasil na disputa pelo terceiro lugar, e ter em seu time o goleador da competição, diminuiu o prejuízo.
Abaixo o craque Gadocha quase marca contra a Argentina. Foi três a dois esse jogo.
Contra o Haiti, que foi à Copa para ganhar experiência, o grande craque polonês Szarmach faz mais um gol, na goleada de sete a zero.
Contra o Haiti, que foi à Copa para ganhar experiência, o grande craque polonês Szarmach faz mais um gol, na goleada de sete a zero.
Aí, o goleador da Copa, Grzegorz Lato, que marcou sete gols. Um deles foi contra o Brasil, na disputa pelo terceiro lugar.
No flagrante, Marinho Chagas, um dos melhores jogadores do Brasil na Copa, disputa um lance no jogo contra a Polônia. No plano de fundo, o craque Dirceu acompanha a jogada.
Ironicamente, a maior esperança brasileira nas jogadas objetivas de ataque era o loiríssimo Marinho Chagas que atuava na lateral esquerda. Pois justamente por causa dessa sua vontade, às vezes, afoita de atacar, perdeu o Brasil o jogo para a seleção polonesa. Um contra-ataque às costas do lateral, efetuado pelo veloz ponta direita Lato, carimbou a despedida dos brasileiros dessa Copa. Um a zero foi o placar.
Ironicamente, a maior esperança brasileira nas jogadas objetivas de ataque era o loiríssimo Marinho Chagas que atuava na lateral esquerda. Pois justamente por causa dessa sua vontade, às vezes, afoita de atacar, perdeu o Brasil o jogo para a seleção polonesa. Um contra-ataque às costas do lateral, efetuado pelo veloz ponta direita Lato, carimbou a despedida dos brasileiros dessa Copa. Um a zero foi o placar.
Perfilada, a seleção da Polônia acompanha a execução do seu hino nacional.
Esta pose aí, da seleção brasileira, corresponde ao jogo da segunda fase, contra a Holanda, no dia 03 de julho, em Dortmund.
Não jogou mal o Brasil. Foi até muito bem, e poderia ter cortado o embalo da seleção da Holanda. Faltou um pouco de sorte no primeiro tempo, quando perdeu dois golos vivos: um através do Paulo César Lima [que eu pensei que tinha entrado, mas passou muito perto]; outro através do Valdomiro [aquele que jogou muitos anos no SC Internacional]. No segundo tempo um gol [em impedimento clamoroso não assinalado pelo árbitro] do Cruijff, desanimou o Brasil que, por ter exercido uma implacável marcação no primeiro tempo, cansou, permitindo que, a partir daí, a Holanda passasse a desenvolver a sua tática envolvente.A campeã, Alemanha, como eu afirmei lá no início, soube cumprir o dever de casa. Jogou para o gasto, sem dar mole para quaisquer adversários, exceto para a sua irmã Alemanha [Oriental], para a qual deu um jeito de perder por um a zero para [adivinhem!?!] não cruzar com a Holanda e o Brasil na fase seguinte. Essa estratégia é velha e não foi a primeira vez [nem a última] que os alemães fizeram isso. Assim mesmo, eles tinham um grande time, que só ficava devendo para a Holanda [a melhor equipe] e para a Polônia [a segunda melhor]. O Brasil tinha os melhores jogadores, mas era só.
Abaixo, uma tomada do jogo final. Ruud Krol (12), ala esquerda da Holanda, em disputa com Bonhof (16), da Alemanha. Hoeneß (14) vem e cerca o lance, enquanto os holandeses Van Hanegen e Jansen, este no plano de fundo, acompanham o desfecho da jogada. No final deu Alemanha dois a um.
E este era o Estádio Olímpico de Munique, onde foi disputada a final. No placar, em fundo preto e caracteres amarelos, o logotipo da Copa.
E este era o Estádio Olímpico de Munique, onde foi disputada a final. No placar, em fundo preto e caracteres amarelos, o logotipo da Copa.
Em 13 de maio de 2005 foi disputada a última partida nesse estádio que hoje é assim:
"Agora, o Estádio Olímpico de Munique transforma-se na mais bela ruína do mundo. Ficam para trás 57 mil cadeiras vazias e quase 12 mil lugares para torcedores em pé numa elegante elipse. No meio, um gramado selvagem, as linhas apagadas, as traves abandonadas. Ao redor, arquibancadas suavemente inclinadas, num misto entre teatro grego e antena parabólica. E, cobrindo as cadeiras, algo flutuante, pouco mais do que uma pele, a cobertura de vidro acrílico preso a uma rede de cabos de aço, obra dos arquitetos Günter Behnisch e Frei Otto", escreve Oliver Herwig, em crônica publicada pelo jornal Frankfurter Rundschau. Fonte: Deütsche Welle.
Texto original e legendas: Sergio M.P. Fontana.
Todas as fotos, exceto a vista superior das ruínas do Estádio Olímpico de Munique, são publicações de "Placar - Enciclopédia do Futebol", da Editora Abril, em 1975.
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