Março de 1985. Mikhail Gorbachev (Stavropol, 02/03/1931) assumiu o poder na União Soviética e iniciou um estudo para implantação de reformas na administração pública, nas Forças Armadas, na legislação eleitoral e na política externa do país. O plano resultante desse estudo foi lançado em fevereiro do ano seguinte, e ficou conhecido como Glasnost (em português: transparência). O objetivo era combater a corrupção e a ineficiência na administração, além de propor maior liberdade na política e na cultura.Em seguida, percebendo que a economia da União Soviética estava prestes a entrar em colapso, chegou à conclusão que o sistema socialista carecia de uma reforma. Então chamou de Perestroika (em português: reconstrução) o plano para recuperar economicamente o país.
Cortar despesas, seria esta a principal medida a ser tomada. Mas por onde começar?Gorbachev pensou em reduzir a quantidade de dinheiro gasto em defesa, e para fazer isto sentiu a necessidade de:
• retirar suas tropas do Afeganistão, um saco sem fundo para onde eram desviados muitos recursos;
• negociar uma redução de armamentos com os EEUU;
• deixar de interferir em outro países comunistas.
Imaginou também que seria imprescindível:
• abolir o controle de preços;
• dar liberdade de autogestão às empresas para que pudessem competir entre si;
• autorizar a abertura de pequenos negócios privados;
• terminar com a política de subsídios.
Estas reformas, em pouco tempo, desencadearam transformações não só na União Soviética, mas em todos os países satélites do regime comunista que, sentindo-se órfãos do sistema, romperam com a hegemonia soviética, iniciando um processo de mudanças em busca de um novo modelo político e econômico.
Em apenas três anos todo o sistema desmoronou, pois a abrangência territorial e populacional do regime comunista era muito grande e as pessoas, de um modo geral, acostumadas com essa modalidade de governo há mais de 40 anos, passaram, de uma hora para outra a não mais contar com a “proteção” do Estado, ou seja, com os tais subsídios para exercerem as suas atividades sem maiores preocupações.
A Hungria foi um dos primeiros países do leste europeu a iniciar o processo de reformas políticas e econômicas. Em 1988 o ditador Janos Kadar (Rijeka, 26/05/1912 - Budapeste, 06/07/1989) foi destituído do poder [que estava em suas mãos desde 1956]. Em junho de 1989 o novo governo abriu as fronteiras do país com a Áustria, rompendo a Cortina de Ferro através de um gesto simbólico que foi cortar o arame farpado que separava os dois países.
Em agosto do mesmo ano a Polônia atropelou todo mundo ao empossar um primeiro-ministro não comunista, o jornalista Tadeusz Mazowiecki (Plock, 18/04/1927) que era membro do sindicato Solidariedade, ainda com a manutenção do presidente comunista Wojciech Jaruzelski (Kurów, 06/07/1923). Este não teve forças para manter o regime, então se viu forçado a ceder seu lugar para Lech Walesa (Popowo, 29/09/1943), ativista dos Direitos Humanos e um dos fundadores do sindicato Solidariedade. Walesa, agraciado com o prêmio Nobel da Paz em 1983, tornou-se o primeiro presidente da Polônia pós comunismo em dezembro de 1990.
Enquanto isto, em Praga, na Tchecoslováquia, 100 mil manifestantes faziam passeatas diárias [sob violenta repressão policial] pedindo eleições livres. Em Sófia, na Bulgária, a coisa não estava muito diferente: 50 mil pessoas exigiam o julgamento do ex-líder Todor Zhivkov (07/09/1911 – 0508/1998), acusado de corrupção.
Em 28 de dezembro Alexander Dubcek (Uhrovec/Eslováquia, 27/11/1921) assumiu a presidência do parlamento tcheco-eslovaco e, no dia seguinte, Václav Havel (Praga, 05/10/1936) foi eleito presidente provisório.
Na Romênia a coisa foi mais feia: durante um discurso do ditador Nicolae Ceaucescu (Scorniceşti, 26/01/1918 - Târgovişte, 25/12/1989), em Bucareste, o povo começou a vaiá-lo, protestando contra a ditadura; a televisão oficial - que transmitia o discurso - saiu do ar e as tropas do exército romeno investiram contra a multidão, matando milhares de pessoas. Após o massacre, entretanto, alguns militares aderiram à revolta e em 22 de dezembro milhares de pessoas invadiram o palácio presidencial em Bucareste (capital). O ex-chanceler Corneliu Manescu (08/02/1916 - 26/06/2000) anunciou, às 12h40, que um Comitê da Democracia Nacional tomara o poder. Ceausescu e sua mulher Elena [que era vice primeira-ministra], deixaram o palácio de helicóptero. O Exército, agora na sua totalidade, estava ao lado da população. Forças leais ao ditador reagiram. A polícia política atirou em manifestantes na praça da República, no centro da capital. Tropas rebeldes dominaram a praça, e após duas horas de luta havia centenas de corpos nas ruas. Ocorreram combates em todo o país. À noite o paradeiro de Ceausescu ainda era ignorado. Na verdade, após a fuga, o helicóptero de Ceausescu desceu perto de Tirgoviste. Dizem que o piloto simulou um problema na aeronave e pousou, ajudando na prisão do ditador. O ex-dirigente e Elena tomaram um carro, trocaram-no por outro na cidade, mas lá foram reconhecidos e detidos. Após um julgamento sumário, Ceausescu e sua mulher foram executados por um pelotão de fuzilamento no dia de Natal.
Imaginou também que seria imprescindível:
• abolir o controle de preços;
• dar liberdade de autogestão às empresas para que pudessem competir entre si;
• autorizar a abertura de pequenos negócios privados;
• terminar com a política de subsídios.
Estas reformas, em pouco tempo, desencadearam transformações não só na União Soviética, mas em todos os países satélites do regime comunista que, sentindo-se órfãos do sistema, romperam com a hegemonia soviética, iniciando um processo de mudanças em busca de um novo modelo político e econômico.
Em apenas três anos todo o sistema desmoronou, pois a abrangência territorial e populacional do regime comunista era muito grande e as pessoas, de um modo geral, acostumadas com essa modalidade de governo há mais de 40 anos, passaram, de uma hora para outra a não mais contar com a “proteção” do Estado, ou seja, com os tais subsídios para exercerem as suas atividades sem maiores preocupações.
A Hungria foi um dos primeiros países do leste europeu a iniciar o processo de reformas políticas e econômicas. Em 1988 o ditador Janos Kadar (Rijeka, 26/05/1912 - Budapeste, 06/07/1989) foi destituído do poder [que estava em suas mãos desde 1956]. Em junho de 1989 o novo governo abriu as fronteiras do país com a Áustria, rompendo a Cortina de Ferro através de um gesto simbólico que foi cortar o arame farpado que separava os dois países.
Em agosto do mesmo ano a Polônia atropelou todo mundo ao empossar um primeiro-ministro não comunista, o jornalista Tadeusz Mazowiecki (Plock, 18/04/1927) que era membro do sindicato Solidariedade, ainda com a manutenção do presidente comunista Wojciech Jaruzelski (Kurów, 06/07/1923). Este não teve forças para manter o regime, então se viu forçado a ceder seu lugar para Lech Walesa (Popowo, 29/09/1943), ativista dos Direitos Humanos e um dos fundadores do sindicato Solidariedade. Walesa, agraciado com o prêmio Nobel da Paz em 1983, tornou-se o primeiro presidente da Polônia pós comunismo em dezembro de 1990.
Enquanto isto, em Praga, na Tchecoslováquia, 100 mil manifestantes faziam passeatas diárias [sob violenta repressão policial] pedindo eleições livres. Em Sófia, na Bulgária, a coisa não estava muito diferente: 50 mil pessoas exigiam o julgamento do ex-líder Todor Zhivkov (07/09/1911 – 0508/1998), acusado de corrupção.
Em 28 de dezembro Alexander Dubcek (Uhrovec/Eslováquia, 27/11/1921) assumiu a presidência do parlamento tcheco-eslovaco e, no dia seguinte, Václav Havel (Praga, 05/10/1936) foi eleito presidente provisório.
Na Romênia a coisa foi mais feia: durante um discurso do ditador Nicolae Ceaucescu (Scorniceşti, 26/01/1918 - Târgovişte, 25/12/1989), em Bucareste, o povo começou a vaiá-lo, protestando contra a ditadura; a televisão oficial - que transmitia o discurso - saiu do ar e as tropas do exército romeno investiram contra a multidão, matando milhares de pessoas. Após o massacre, entretanto, alguns militares aderiram à revolta e em 22 de dezembro milhares de pessoas invadiram o palácio presidencial em Bucareste (capital). O ex-chanceler Corneliu Manescu (08/02/1916 - 26/06/2000) anunciou, às 12h40, que um Comitê da Democracia Nacional tomara o poder. Ceausescu e sua mulher Elena [que era vice primeira-ministra], deixaram o palácio de helicóptero. O Exército, agora na sua totalidade, estava ao lado da população. Forças leais ao ditador reagiram. A polícia política atirou em manifestantes na praça da República, no centro da capital. Tropas rebeldes dominaram a praça, e após duas horas de luta havia centenas de corpos nas ruas. Ocorreram combates em todo o país. À noite o paradeiro de Ceausescu ainda era ignorado. Na verdade, após a fuga, o helicóptero de Ceausescu desceu perto de Tirgoviste. Dizem que o piloto simulou um problema na aeronave e pousou, ajudando na prisão do ditador. O ex-dirigente e Elena tomaram um carro, trocaram-no por outro na cidade, mas lá foram reconhecidos e detidos. Após um julgamento sumário, Ceausescu e sua mulher foram executados por um pelotão de fuzilamento no dia de Natal.
Em setembro de 1989, quando os húngaros resolveram abrir a fronteira com a Áustria, muitos cidadãos da Alemanha Oriental viram ali a sua chance de passarem para o “outro lado”. Se atravessassem a Thecoslováquia para chegar à Hungria, poderiam de lá seguir para a Áustria, ou seja, teriam livre acesso à liberdade da Europa Ocidental.
O governo da DDR (Deutsche Demokratische Republik) não teve alternativa e foi obrigado, diante do êxodo populacional, a abrir os postos de fronteira com a BRD (Bundesrepublik Deutschland), isto é, Alemanha Ocidental. Na noite de 09 de novembro de 1989 multidões de alemães orientais subiram e atravessaram o Muro de Berlim, juntando-se aos alemães ocidentais do outro lado, em uma atmosfera de celebração. E um dia após a abertura da fronteira, soldados da DDR começaram a derrubar uma parte do muro.
Aí começou a festa, de verdade!Alguém apareceu com um guindaste e começou a arrancar os pesados blocos de concreto, os quais, partidos eram “confiscados” pela população de ambos os lados, como souvenir. Na manhã do dia 10 de novembro, famílias inteiras começaram a atravessar a fronteira [de carro ou a pé], ao longo de diversos pontos do muro. Alguns o faziam pela primeira vez; outros, após 28 anos de espera.
Mas após a euforia inicial as pessoas passaram a se dar conta que não seria assim tão fácil a reintegração entre as duas Alemanhas. As mudanças no lado leste da Alemanha seriam sacrificantes no que diz respeito à economia, agora baseada nas leis de livre mercado. O desemprego e a inflação eram a ameaça mais perigosa. Na Alemanha do lado oeste, o primeiro-ministro Helmut Kohl (Ludwigshafen am Rhein, 03/04/1930) promoveu um aumento de impostos para cobrir os gastos com a reunificação, o que provocou protestos populares e greves de funcionários públicos e outras categorias profissionais que começaram a exigir aumentos salariais.
Enquanto isto, os alemães orientais ainda se sentiam inferiores aos alemães do ocidente, pois estes não os deixavam esquecer que quem vinha do lado oriental era um cidadão de segunda classe. Só mesmo o tempo seria capaz de desfazer as reais [e imaginárias] diferenças entre essas pessoas.
E a União Soviética, como ficou?
Lá as repúblicas que giravam em torno de Moscou, formaram a CEI (Comunidade dos Estados Independentes). Mas nem todas as repúblicas se uniram sob este novo pacto que teve como articulador o presidente Boris Yeltsin ((Butka, 01/02/1931- Moscou, 23/04/2007). Armênia,Azerbaijão, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Moldávia, Rússia, Tajiquistão,Turcomenistão, Ucrânia e Uzbequistão aderiram. Desde 26 de agosto de 2005, porém, o Turcomenistão não é mais membro permanente da entidade, atuando apenas como membro associado. Bielorússia, Rússia e Ucrânia, as três repúblicas fundadoras da CEI, concordaram num certo número de pontos fundamentais:
• cada estado-membro manteria sua independência;
• as outras repúblicas da antiga União Soviética seriam bem-vindas como novos membros da Comunidade;
• qualquer república seria livre de abandonar a CEI após ter anunciado essa intenção com um ano de antecedência;
• os membros deveriam trabalhar em conjunto para o estabelecimento de economias de mercado;
• o antigo rublo soviético seria a moeda comum dos estados-membros;
• qualquer república seria livre de abandonar a CEI após ter anunciado essa intenção com um ano de antecedência;
• os membros deveriam trabalhar em conjunto para o estabelecimento de economias de mercado;
• o antigo rublo soviético seria a moeda comum dos estados-membros;
• a Comunidade ficaria sediada em Minsk, Alma-Ata e São Petesburgo.
A Geórgia se integrou ao Grupo em 1994, mas o seu Parlamento aprovou por unanimidade em 14 de agosto de 2009 a saída do país da Comunidade dos Estados Independentes, devido ao apoio russo às causas de independência da Abecásia e da Ossétia do Sul. Lituânia, Estônia e Letônia nunca fizeram parte do grupo.
A Geórgia se integrou ao Grupo em 1994, mas o seu Parlamento aprovou por unanimidade em 14 de agosto de 2009 a saída do país da Comunidade dos Estados Independentes, devido ao apoio russo às causas de independência da Abecásia e da Ossétia do Sul. Lituânia, Estônia e Letônia nunca fizeram parte do grupo.
Um comentário:
ótimo texto, porem grande que chega a da sono...
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