Copa do Mundo do Brasil, junho de 1950. Era a primeira vez que a poderosa seleção da Inglaterra participava de uma Copa do Mundo, que naquela oportunidade estava sendo disputada no Brasil. Os três primeiros mundiais foram por eles ignorados, pois achavam que não precisavam testar sua supremacia contra rivais inferiores. Na estreia, no dia 25, os ingleses enfrentaram a seleção do Chile, obtendo uma vitória por dois a zero.
Quatro dias depois, os amantes incondicionais do chá das 5 da tarde voltaram a campo, dessa vez para enfrentar a inexpressiva seleção dos Estados Unidos, composta por um time de desajeitados grandalhões que, ao invés do peito do pé, ainda utilizavam, invariavelmente, o bico da chuteira para efetuar os arremates finais.
E como se fosse a antecipação de um grande desastre, as 12.000 pessoas presentes ao Estádio Independência,
Os norte-americanos, conscientes da sua inferioridade, sujeitaram-se a ficar posicionados na sua metade do campo, em respeitosa atitude defensiva. Porém, aos 38 minutos do 1o tempo, o right-half McIlvenny, na altura da linha do meio-campo, cobrou um arremesso lateral para Bahr, o left-half. Este, pressionado [e apavorado], deu um balão na direção do gol adversário. Williams, o goalkeeper inglês, saiu para interceptar, protegido [com os olhos, só com os olhos] pelo center-back Alf Hamsey*, que subestimou a presença do center-forward haitiano Joe Gaetjeans, que corajosamente se projetou no ar entre os adversários e, com um toque de cabeça, desviou a bola antes que ela chegasse às mãos do guardião da cidadela inglesa. Goal dos Estados Unidos, para delírio da torcida brasileira que incentivava a valentia da equipe norte-americana na sua luta contra um time tecnicamente muito superior.
Ao longo de toda a partida a Inglaterra deu 30 chutes à meta defendida por Frank Borghi, contra apenas um arremate dos seus adversários, o qual resultou no único goal da partida.
No final do jogo, o assistente técnico norte-americano Chubby Lyons avançou em direção ao campo e arrebatou [como recordação] a bola do jogo, correndo e comemorando a incrível façanha do seu time.
Os flagrantes, abaixo, mostram, respectivamente, o goleiro Borghi e o atacante Gaetjeans, autor do goal, sendo carregados nos ombros por uma entusiasmada torcida brasileira, que assim também procedeu com os demais jogadores da seleção dos Estados Unidos.
Charlie Colombo, o center-half, camisa no 4, que aqui aparece em ação, foi um gigante do setor defensivo norte-americano, e não deu trégua aos atacantes ingleses.
Ao final do jogo, o capitão Billy Wright, da Inglaterra, desabafou: - “Ainda que jogássemos o dia inteiro, o gol não sairia.”
Várias versões dão conta que os redatores dos jornais, em Londres, ao receberem por teletipo a notícia do resultado, onde se lia “England 0, USA 1”, foram incapazes de calçar as sandálias da humildade, e concluíram que havia ocorrido um erro na transmissão. Então prepararam [e publicaram] a manchete com o resultado “correto”: “England 10, USA 1”.
A façanha desses estadunidenses, que teimavam em jogar soccer – à época, um esporte incipiente em seu país – deu origem a “The Game of their Lives”, um filme, lançado em 2005, e que aqui no Brasil foi rebatizado como “Duelo de Campeões”.
Súmula:
INGLATERRA 0 X 1 ESTADOS UNIDOS
Data – quinta-feira, 29/06/1950; hora: 15:00; local: Estádio Independência - Belo Horizonte, MG.
Público estimado – 12.000; goal – Gaetjeans (38 do 1°).
Estados Unidos – Borghi, Keough e Maca; McILvenny, Colombo e Bahr; Edward Souza, John Souza, Gaetjeans, Pariani e Mullen. Técnico – William "Bill" Jeffrey.
Inglaterra – Williams, Ramsey e Aston; Wright, Hughes e
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