sábado, 21 de junho de 2008

QUERO IR AO CINEMA

A partir do início da década de 1980, quando o vídeo-cassete começou a ser fabricado no Brasil, e à medida que esse aparelho foi se tornando mais popular, aliado ao surgimento das locadoras de fitas de vídeo, os vazios nas salas de projeção públicas que, salvo nos fins-de-semana, eram freqüentes, passaram, gradativamente, a dominar o ambiente dos cinemas gaúchos.

Vários cinemas de Porto Alegre e do interior trataram de fechar suas portas em função dos prejuízos causados pela nova tendência originada por essa nova alternativa de divertimento. As pessoas passaram a ter o poder de escolher os filmes que, num dado momento, estavam a fim de ver. E a escolha, na maioria das vezes, não ficava em uma só fita de aluguel. A programação do "cinema em casa" se expandia para duas, três ou mais locações, dependendo do entusiasmo, do tempo disponível, das promoções da locadora, etc.

Não sei, todavia, se a culpa do esvaziamento dos cinemas, especialmente na porção mais meridional do Brasil, é só dessa máquina diabólica chamada vídeo-cassete, pai do DVD (Digital Video Disc) e avô da TV interativa. É possível que essa alteração gradual nos costumes da população tenha outros motivos associados, e a evolução da tecnologia de áudio e vídeo seja somente um dentre todos os outros.

O verão por aqui [sul do RS] é escaldante e leva a maioria das pessoas ao litoral. Todo mundo só pensa em praia, piscina, arroio, açude, pescaria, barzinhos e outras atividades que possam estar associadas à estação. O cinema fica em segundo plano ou nem é lembrado. O rigor do inverno, em contrapartida, requer atividades ligadas ao aconchego dos lares, jantares regados a vinho, bares cheios de gente, pizzas, lareira e um bom filme. Filme? Isto faz referência a uma sala de cinema, certo? Na maioria das vezes a resposta é "não". E esse "não" pode ter interpretações variadas: a inexistência de um ambiente climatizado nas salas de projeção; a falta de locais seguros para estacionar os veículos; a violência das ruas; o preço do ingresso; a dificuldade de deslocamento; a TV por assinatura; inúmeras ofertas de locação de filmes em DVD; e por aí vai.

Assim o que se vê, especialmente na cidade de Pelotas, onde eu estou, e acredito que na maioria das cidades deste estado, são imagens similares a estas aí.

Rua Anchieta, centro. Prédio onde até há alguns meses [em relação à data desta postagem] funcionava o Cine Capitólio. Hoje é um estacionamento de automóveis.
Rua Andrade Neves, centro. No espaço localizado sob a armação metálica onde hoje se lê "Magazine Luiza", havia, há vários anos, uma placa luminosa que dizia "Cine Rei".


Rua Andrade Neves, centro. A placa de néon ainda ostenta um certo glamour, mas o andar térreo do prédio onde outrora funcionava o Cine Pelotense deu lugar a um supermercado. O andar superior do edifício, este sim, abriga os estúdios da Rádio Pelotense.















Rua General Osório, centro. Este é, digo, era o Cine Tabajara, hoje transformado em um templo religioso.


Esta é uma tomada do Cine Theatro Guarany . Ele fica na Rua Lobo da Costa, esquina com a Gonçalves Chaves. É o único, dentre todos os prédios citados nesta matéria, que mantém as suas características originais. Não tem mais a tela de cinema, cujo último filme apresentado foi "A Ilha do Dr. Moreau", com Marlon Brando, porém ainda é uma casa de teatro e também sedia eventos tais como palestras e formaturas.

Outras salas de cinema também poderiam ser enquadradas neste levantamento, tais como o Cine Theatro Avenida que ficava na Avenida Bento Gonçalves, centro, e o Cine Fragata, na Avenida Duque de Caxias, no Bairro Fragata.

E outras ainda bem mais antigas (fontes: diversas) que eu não cheguei a conhecer: o cinema Eden Salão - Rua Marechal Floriano, onde hoje é a agência dos correios; o Parisiense - Rua General Neto, entre as ruas 15 de Novembro e Anchieta; o Polytheama - na Praça Coronel Pedro Osório, onde depois foi construído o prédio do Grande Hotel; o cinema Eldorado - na esquina das ruas Benjamin Constant e Gonçalves Chaves; o cinema Popular - esquina das ruas General Osório e General Argolo; o Recreio Ideal - na Rua General Neto, entre as ruas 15 de Novembro e Anchieta; Ideal-Concerto - na esquina das ruas 15 de Novembro e 7 de Setembro; Coliseu - na Rua Anchieta, entre Dom Pedro II e General Telles.

Outros cinemas de Pelotas perdidos no tempo: São Rafael, Esmeralda, Apolo, Garibaldi, América, Tupi, Principal, Glória e Para Todos.

Isto tudo quer dizer que não existe [ou "no ecziste"] mais nenhuma sala de cinema em Pelotas? Existir, existe. Em uma galeria do calçadão da Andrade Neves tem duas mini-salas. Porém esperar que estas apresentem os últimos lançamentos do cinema americano [ou europeu, ou brasileiro, ou sei-lá-o-quê] como era de praxe em outros tempos da história do cinema, aí já é demais.

Promessas de caráter político afirmam que nos shoppings centers que vêm(?) por aí, há espaço reservado para diversas salas de projeção pública (cinemas). Aguardo.

E uma referência e reverência especial deve ser prestada ao Theatro Sete de Abril, construído entre 1831 e 1833. Este, tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional em 1972, continua a cumprir a tarefa para a qual foi projetado, ou seja, sediar espetáculos de artes cênicas.

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