À Bagé, querência amada, hoje distante... No mapa, mas sempre junto ao coração e pensamento.Minha homenagem à ti, pelo aniversário de 200 anos e aos meus amigos e conterrâneos, que lá moram e aos que estão desgarrados por aí!
Saudades... Este poema foi escrito pelo meu querido amigo, gaúcho, bajeense, colega e poeta Médico Veterinário Luís Felipe Sá Monmany, para homenagear um outro amigo, gaúcho, castelhano, pampeano e bajeense, por opção e gosto, Eng° Agronomo Áttila Siqueira, o tio Áttila, em cuja estampa ele se inspirou, para falar sobre o homem de fronteira, campeiro, do pampa, castelhano e brasileiro, como o povo que está nas origens da formação da nossa querida cidade.
Con tu permiso D. Felipe!
PEÃO DE FRONTEIRA
"Dizem que sou castelhano,
mas eu sou é orelhano,
não tenho marca nem sinal.Sou nascido na fronteira
uruguaio-brasileira,
e esta é minha terra natal.
Falo meio atrapalhado,
trabalho em qualquer lado,
seja aqui ou acolá;
e essa tal linha divisória
pra mim é coisa simplória
que alguém tinha que inventá.
Brasileiro me llamam aqui,
uruguayo quando llego alli,
e eu não sinto diferença;
pra mim, tudo é sempre igual,
pois domá bem um bagual,
esta é toda a minha crença.
Sou rude e analfabeto,
me abrigo em qualquer teto,
faça chuva ou faça sol,
e, logo que eu me apeio,
armo cama nos arreio
e o pala é meu lençol.
Meu xergão é brasileiro;
a carona, comprei em VIchadero;
os bastos, Paisandu, um colosso;
os pelegos são do Aceguá;
uma vez que andei por lá ,
ganhei em jogo de osso.
Minhas pilchas são misturada;
bombachas e botas compradas
onde quer que eu sempre ande.
Minha faca, sei que é Coqueiro;
mis espuelas son de acero
e o meu lenço é do Rio Grande.
Fronteira eu cruzo domando,
e nunca ví linha marcando
onde é Uruguai e onde é Brasil;
os pastos têm a mesma cor,
o amor é sempre amor,
e o céu, o mesmo azul anil.
É a mesma lua nova
que se canta em qualquer trova,
não importa qual é o lado;
se, de noite, eu vejo o Cruzeiro
e, de madrugada, o Lucero
no mesmo céu estrelado.
Papel não tenho nenhum;
dinheiro, carrego algum,
seja peso ou cruzeiro;
depende do pagamento,
se o bagual que eu enfrento
é uruguaio ou brasieliro.
Nos bailes que eu frequento,
cordeona llora em lamento
e milonga me assanha o pé;
e, se tenho que ir à cidade,
vou com a mesma felicidade,
seja para Mello ou Bagé.
Sou gaúcho criado a esmo,
mas, para mim, Deus é o mesmo
e eunão faço distinção.
Os home são tudo igual,
fazem bem ou fazem mal
e, no fundo, são tudo irmão.
Até hoje eu não entendo
e compreender não pretendo,
quem criou a separação;
mas a última vontade minha
é que seja em cima da linha
enterrado meu caixão."
(Do livro "Retorno às Raízes," de Luis Felipe Sá Monmany)
Bom domingo a todos!
Saudades... Este poema foi escrito pelo meu querido amigo, gaúcho, bajeense, colega e poeta Médico Veterinário Luís Felipe Sá Monmany, para homenagear um outro amigo, gaúcho, castelhano, pampeano e bajeense, por opção e gosto, Eng° Agronomo Áttila Siqueira, o tio Áttila, em cuja estampa ele se inspirou, para falar sobre o homem de fronteira, campeiro, do pampa, castelhano e brasileiro, como o povo que está nas origens da formação da nossa querida cidade.
Con tu permiso D. Felipe!
PEÃO DE FRONTEIRA
"Dizem que sou castelhano,
mas eu sou é orelhano,
não tenho marca nem sinal.Sou nascido na fronteira
uruguaio-brasileira,
e esta é minha terra natal.
Falo meio atrapalhado,
trabalho em qualquer lado,
seja aqui ou acolá;
e essa tal linha divisória
pra mim é coisa simplória
que alguém tinha que inventá.
Brasileiro me llamam aqui,
uruguayo quando llego alli,
e eu não sinto diferença;
pra mim, tudo é sempre igual,
pois domá bem um bagual,
esta é toda a minha crença.
Sou rude e analfabeto,
me abrigo em qualquer teto,
faça chuva ou faça sol,
e, logo que eu me apeio,
armo cama nos arreio
e o pala é meu lençol.
Meu xergão é brasileiro;
a carona, comprei em VIchadero;
os bastos, Paisandu, um colosso;
os pelegos são do Aceguá;
uma vez que andei por lá ,
ganhei em jogo de osso.
Minhas pilchas são misturada;
bombachas e botas compradas
onde quer que eu sempre ande.
Minha faca, sei que é Coqueiro;
mis espuelas son de acero
e o meu lenço é do Rio Grande.
Fronteira eu cruzo domando,
e nunca ví linha marcando
onde é Uruguai e onde é Brasil;
os pastos têm a mesma cor,
o amor é sempre amor,
e o céu, o mesmo azul anil.
É a mesma lua nova
que se canta em qualquer trova,
não importa qual é o lado;
se, de noite, eu vejo o Cruzeiro
e, de madrugada, o Lucero
no mesmo céu estrelado.
Papel não tenho nenhum;
dinheiro, carrego algum,
seja peso ou cruzeiro;
depende do pagamento,
se o bagual que eu enfrento
é uruguaio ou brasieliro.
Nos bailes que eu frequento,
cordeona llora em lamento
e milonga me assanha o pé;
e, se tenho que ir à cidade,
vou com a mesma felicidade,
seja para Mello ou Bagé.
Sou gaúcho criado a esmo,
mas, para mim, Deus é o mesmo
e eunão faço distinção.
Os home são tudo igual,
fazem bem ou fazem mal
e, no fundo, são tudo irmão.
Até hoje eu não entendo
e compreender não pretendo,
quem criou a separação;
mas a última vontade minha
é que seja em cima da linha
enterrado meu caixão."
(Do livro "Retorno às Raízes," de Luis Felipe Sá Monmany)
Bom domingo a todos!
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Fonte perfil do Celso no Facebook.
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Celso Magalhães Coronel é Médico Veterinário, formado pela Universidade Federal de Pelotas, RS. Atualmente mora em Belém, PA, e aqui revela sua paixão pela sua - que é também minha - terra natal, Bagé (RS), fundada há, exatos, 200 anos.
Clique aqui e procure-o na foto.
Parabéns BAGÉ e bajeenses!
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