Novembro, 1773. Uma força militar de três mil homens, sob o comando do Vice-Rei do Prata, Don Juan José de Vertiz Y Salcedo, invadiu o Rio Grande do Sul. Seu objetivo era apoderar-se da Fortaleza Jesus Maria José e, consequentemente, do povoado do Rio Pardo. Depois prosseguiria sua marcha para tomar Porto Alegre e Viamão, garantindo para a Espanha o domínio de toda a Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul, uma vez que a então Vila do Rio Grande já estava em poder dos espanhóis havia dez anos.
Para defender o forte e seus arredores, os portugueses dispunham apenas de trezentos homens, liderados pelo Capitão de Dragões Rafael Pinto Bandeira. O Governador José Marcelino de Figueiredo, que se encontrava em Rio Pardo, orientou as operações defensivas, e Rafael Pinto Bandeira, comandando uma pequena coluna, travou combate no vale do rio Vacacaí, derrotando uma força invasora oriunda das Missões, composta por seiscentos homens. O comandante espanhol, Don Antônio Gomes, junto a muitos dos seus soldados, foi capturado em 03 de janeiro de 1774.
Sem saber dessa derrota, Vertiz prosseguiu sua marcha para Rio Pardo, confiante em seu apoio de retaguarda. Suas tropas de vanguarda encontraram, dois dias depois, um pelotão português que foi obrigado a recuar em direção ao Forte.
Em 14 de janeiro, quatrocentos e quarenta espanhóis, sob as ordens do Coronel Don Bruno de Zabala enfrentaram pouco mais de duzentos Dragões, e por estes foram derrotados graças a uma hábil manobra de Rafael Pinto Bandeira que dividiu as forças portuguesas e, aparecendo por detrás de uma coxilha, com vários soldados, atraiu os espanhóis em sua direção. Sem conhecerem o terreno, os soldados de Zabala caíram num pantanal existente entre a posição que ocupavam e a coxilha, ficando, de certa forma, imobilizados e entre dois fogos. Assim, foram vencidos no chamado Combate do Tabatingaí. A coxilha, a partir de então, passou a ser conhecida como Coxilha do Ataque, e está localizada onde hoje é a Fazenda do Espinilho, em Pantano Grande.
Enquanto isso, Vertiz acampou na margem direita do Rio Jacuí, a uma légua de distância da Fortaleza, dirigindo aos guardiões do Forte uma intimação para que se rendessem.
O Governador José Marcelino de Figueiredo sabia que não tinha forças suficientes para a defesa, e resolveu usar um estratagema. Fingiu estar chegando de Porto Alegre, e com reforços. Mandou embandeirar a Fortaleza, colocando bem à vista seus canhões (alguns já sem nenhuma capacidade de combate), desferindo salvas com as peças que ainda estavam funcionando e movimentando os soldados ao som de tambores e clarins.
Foto: Luiz Armando Vaz- jornal Zero Hora/abril, 1985.
“Vertiz, tendo conhecimento da derrota de Zabala e intimidado pelo aparato bélico do Forte, pois anteriormente tivera informações de que o mesmo estava com suas peças de artilharia encravadas e com poucos defensores, bateu em retirada e só muito mais tarde soube que fora ludibriado.
Embora tenha sofrido vários ataques, a Fortaleza Jesus Maria José, a Tranqueira Invicta do Rio Pardo, sempre resistiu bravamente e nunca foi tomada. Eis porque o escudo rio-pardense ostenta orgulhosamente o lema: Tranqueira Invicta.” Marina de Quadros Rezende.
Adaptado de
REZENDE, M. de Q. Rio Pardo – História; Recordações; Lendas. 2a edição. Rio Pardo (RS), 1987. P.31/34.
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