quinta-feira, 19 de julho de 2012

A DOIS ANOS DA COPA DO MUNDO


Brasil, 1948. Faltando dois anos para a Copa do Mundo que seria realizada no Brasil, os preparativos para receber as delegações de outros 15 países - Argentina, Escócia e Índia, por motivos diferentes, desistiram, então vieram só 12 seleções - andavam devagar. Ainda não havia um comitê organizador, e os estádios das capitais eram, em maioria, mirrados, com infraestruturas modestas que não alcançavam os padrões imagináveis para um torneio daquela envergadura.

Em 1938, dez anos antes, o jornalista Célio de Barros, representante da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), havia lançado a candidatura do Brasil a país-sede do Campeonato Mundial de Futebol de 1942. Jules Rimet, o presidente da FIFA, recebeu a proposta e agradeceu o entusiasmo, porém deixou transparecer que a Alemanha era a sua preferida por ter sediado com sucesso os Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936.

A guerra (1939 - 1945) e seus desdobramentos bagunçaram os planos da FIFA que só voltou a se reunir em 1946 [em Luxemburgo] e, em desespero de causa, carimbou o passaporte do Brasil, único candidato a sede da Copa do Mundo que deveria ser realizada em 1950.

O Pacaembu, em São Paulo e o Durival Britto e Silva, em Curitiba, dois modernos estádios inaugurados na década de 40, eram os únicos em condições de receber os jogos. Os demais, como já vimos, deixavam a desejar.
Operários trabalhando na construção do Maracanã.
Foto Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro, maio de 1947. Três desportistas influentes - Mário Filho, editor do Jornal dos Sports, Vargas Neto, presidente da Federação Metropolitana de Futebol, e Ary Barroso, o compositor, radialista e, então, vereador pela UDN (União Democrática Nacional) - usaram as páginas do Diário Carioca para defender a ideia de construção de um estádio de gigantescas proporções para ser a principal sede da Copa. A pressão surtiu efeito e, vencedor de uma concorrência pública, o projeto arquitetônico de Miguel Feldman, Waldir Ramos, Raphael Galvão, Oscar Valdetaro, Orlando Azevedo, Pedro Paulo Bernardes Bastos e Antônio Dias Carneiro, deu prosseguimento ao sonho da construção de um estádio municipal para a Copa do Mundo. Não estaria aí solucionado o problema da falta de estádios, mas em compensação teria o Brasil uma praça esportiva de alto gabarito para encher os olhos da FIFA.

Ainda assim, era preciso executar o projeto, o que só foi levado a efeito a partir de 02 de agosto de 1948 - lançamento da pedra fundamental.
Inicialmente foram contratados 1.500 operários para a construção do gigante que se localizaria no antigo terreno do Derby Club e teria capacidade final para 150.000 pessoas. Nos últimos meses de trabalho mais 2.000 operários foram chamados, mas apesar disso não foi possível concluir a obra antes do início do torneio. O estádio só ficou pronto, de verdade, 15 anos depois da Copa.

Enquanto isso: em Porto Alegre, o SC Internacional lutava para transformar o pavilhão de madeira do Estádio dos Eucaliptos - uma das sedes da Copa - em uma arquibancada de concreto; em Belo Horizonte o prefeito Otacílio Negrão de Lima prometia à CBD que construiria, em dois anos, um estádio digno para sediar o mundial.

Faltando dois anos para o pontapé inicial da Copa do Mundo de 1950, era este o panorama e eram estas as polêmicas que envolviam as futuras sedes do torneio; e faltando dois anos para o pontapé inicial da Copa do Mundo de 2014, mudou o panorama, mudaram as polêmicas, mas não mudou o jeito brasileiro de trabalhar, deixando tudo para a última hora.

¿Ficarão prontos, a tempo, todos os estádios?

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