quinta-feira, 3 de julho de 2008

CORRESPONDÊNCIA E UMA CRÍTICA JUSTA

A indignação do meu pai a partir de uma carta simples que eu escrevi para casa, em 10 de março de 1978, foi capaz de desmantelar a política equivocada da agência de correios de Bagé, na época. Ele enviou, em 25/04/78, uma correspondência para a coluna "Cartas" do jornal Zero Hora, de Porto Alegre. A resposta demorou um pouco mas veio em 29/08/78.

Abaixo, a carta do pai para a Zero Hora. E, em seguida, a resposta encaminhada pelo Sr. José Mattos Santos, Chefe do Gabinete da Presidência, Brasília, DF.

O que dizia a carta [já que no recorte original não dá para ler]:

"Senhor Editor: Uma carta de Pelotas para Bagé deve levar, no máximo, três dias para ser entregue ao destinatário, podendo-se admitir que leve cinco dias, por acúmulo de serviço ou qualquer outro problema. No entanto, uma carta carimbada no correio de Pelotas no dia dez de março só foi entregue aqui no núcleo residencial Marechal Mascarenhas de Moraes, onde resido e onde residem mais de 240 famílias, no dia primeiro de abril. Como a referida carta foi entregue junto com outras correspondências procedentes de Rio Pardo e que foram postas no correio daquela cidade no dia 13 de março, levando portanto 17 dias, quer me parecer que a política que está sendo usada pela agência local do correio é a de primeiro acumular a correspondência, para então, quando julgar conveniente, mandar proceder a entrega. Ora, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é um órgão de prestação de serviços, e evidente está que quem a utiliza o faz consciente de que será bem atendido. Pois, ao menos com relação ao nosso núcleo residencial, isto não está acontecendo, sob a alegação de que existe deficiência de funcionários, afastamento por doença, férias, etc. E, em conseqüência, quem fica prejudicado é o público, que afinal de contas se constitui na razão de ser daquele órgão. É claro que se existe deficiência de funcionários, terá que acontecer algum atraso na entrega da correspondência. Mas entendo que, em situação como esta, uma solução viável seria a utilização dos órgãos de comunicação para informar ao público, solicitando então que a correspondência fosse procurada naquela repartição. Seria, quem sabe, uma das maneiras de solucionar o problema, com o público recebendo mais ou menos em dia a sua correspondência e, talvez, facilitando as coisas para a repartição dos correios. Mas seja qual for a providência a ser tomada, o que não pode acontecer é este absurdo. Uma carta de Pelotas até o núcleo Mascarenhas de Moraes, bem próximo da zona central, levar 20 dias, é algo que não dá boa recomendação à Empresa e, na minha opinião, está a merecer uma providência de quem de direito. - Octacílio Fontana - Bagé".

A resposta dá para ler direto no original.
A partir daí a velocidade dos carteiros de Bagé aumentou consideravelmente, e uma carta que antes demorava até vinte-e-um dias para percorrer dois mil e quinhentos metros, passou a fazer o mesmo trajeto em, no máximo, dois dias. É possível que tudo isso tenha contribuído para recuperar a forma física dos profissionais que faziam a entrega das correspondências dos bageenses, em 1978.

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