Há uns dias, acordei de madrugada e, sem mais nem menos, uma palavra me veio à mente: "BARBARISMO". Ajeitei-me melhor na cama, recostando-me ao travesseiro que a essa altura já estava em uma posição semelhante à de um encosto de sofá, e imaginei que tinha escutado esta palavra pela primeira vez em uma aula de português do Padre Lino Fistarol, no Colégio Auxiliadora, em Bagé, RS, há algumas décadas. Se não me trai a memória é possível que ele tenha dito que o uso do termo nasceu lá pelo império romano, na época das invasões bárbaras, e deu uma explicação que pode ter sido mais ou menos assim:
"Alanos, anglos, godos, saxões, vândalos, e outros povos mais, eram considerados bárbaros pelos romanos. Com as tais invasões, o latim, língua falada por todo o império romano do ocidente, sofreu mutações na sua grafia e pronúncia, rompendo-se, com o passar do tempo, a uniformidade lingüística de outrora. Os romanos passaram a usar a expressão 'barbarismos' em referência às mudanças no modo de falar e nos costumes, em geral, promovidos pelos povos bárbaros".
Da penumbra do quarto, saltei, de imediato, para a luz do meu bagunçado escritório, e descobri que o "barbarismo" [de dicionário] é um vício de linguagem que consiste em usar uma palavra errada quanto à grafia, pronúncia, significado, flexão ou formação.
Concluí, em seguida, que os tais "barbarismos", na prática, são as metamorfoses indesejadas [ou não] originárias da ignorância associada à falta de escolaridade, do talento duvidoso de escritores, colunistas de revistas, jornais, blogs (e dentre estes me incluo), e do uso exagerado de expressões em "internetês"- praga roedora de palavras, cuja disseminação é impossível combater.
E como o que não tem remédio, remediado está, dei o caso por encerrado e voltei a dormir.
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