sexta-feira, 16 de julho de 2010

O RADAR E A GUERRA SUBMARINA

1942. Desde o primeiro ano da guerra, em 1939, até o final do primeiro semestre de 42 as perdas aliadas no mar passaram de 810 mil toneladas para 8 milhões de toneladas. Os submarinos alemães e seus torpedos estavam, cada vez mais, comprometendo o transporte de suprimentos dos seus inimigos, chegando ao ponto de quase inviabilizá-lo.
Um torpedo atinge [bem no meio] um navio aliado.

No início do segundo semestre tudo mudou. A zona costeira das Américas do Norte e Central passou a ser patrulhada com maior eficiência por navios de guerra e aviões de observação. O mesmo ocorreu a partir da costa da África. Os aviões com base em terra que no começo da guerra tinham um raio de ação de 130 milhas marítimas, em 1941 passaram a alcançar 300 milhas, chegando a 600 milhas em 1942, o que na prática significava que partindo de bases distintas, da América e da Grã-Bretanha, por exemplo, era possível cobrir quase toda a extensão do Atlântico norte. Isso obrigou os submarinos do Eixo a transferirem suas atividades mais para o sul, e aí começaram a se intensificar os ataques a navios mercantes brasileiros.
Os tripulantes dos submarinos, a essa altura, estavam ficando intrigados e com distúrbios psicológicos com a freqüência com que vinham sendo atacados pelos aviões aliados. Navegando sobre a superfície ou abaixo dela [o suficiente para visualizar o horizonte com o periscópio], longe de possíveis atacantes e de quaisquer comboios mercantes, eis que de repente surgia [dentre as nuvens] um avião hostil que descarregava suas bombas de profundidade e/ou projéteis de metralhadora sobre o unterseeboot. De alguma forma os ingleses ou americanos estavam conseguindo detectar a presença dos submarinos, por onde quer que fossem e onde quer que estivessem, e a resposta para a crescente eficiência dos aliados, de conseqüências desastrosas para os submarinistas alemães, era a utilização do RaDAR (Radio Detecting And Ranging).
Um submarino é atacado por um avião aliado. Junto à torre do unterseeboot, dois tripulantes tentam se proteger.

A aplicação dessa formidável "arma" na luta anti-submarina, aliada à proteção com que quase todos os comboios passaram a navegar, também composta por um porta-aviões auxiliar, cujos aviões patrulhavam constantemente a rota dos navios, restringiu a ação dos germânicos que foram obrigados a rever seus conceitos de batalha.
O contra-veneno veio através da invenção de um aparelho denominado FuMB (FunkMessBeobachtung), ou seja, medidor de observação por rádio. Este artefato permitia [aos tripulantes dos submarinos] descobrir em que momento estariam sujeitos à detecção por radar, o que lhes dava margem suficiente para submergir a uma profundidade segura, escapando de uma provável perseguição.
O Zaunkonig, um torpedo munido por um dispositivo acústico que se dirigia automaticamente para as hélices dos navios atacados, o FaT (Federapparat Torpedo), um torpedo de longo alcance, e o LuT (Lageunabhängiger Torpedo), também de longo alcance e que podia ser programado para mudar seu curso depois de ter sido lançado, permitiram que os alemães continuassem a causar grandes estragos aos comboios dos aliados, os quais, por sua vez, continuavam a buscar alternativas para anular seus inimigos, aperfeiçoando seus ecogoniômetros, aparelhos utilizados para fazer uma varredura sonora abaixo da superfície marítima.
Os alemães então desenvolveram um recipiente que era lançado como se fosse um torpedo, mas não continha uma carga explosiva, e sim uma substância química que produzia uma grande quantidade de borbulhas. As borbulhas geravam ecos semelhantes aos dos submarinos, confundindo os operadores de ecogoniômetros aliados. Esses, em contrapartida, treinaram homens capazes de identificar os ecos falso-positivos.
Até o final da guerra, medidas e contra-medidas, de ambos os lados, ao mesmo tempo em que tornaram mais segura [ou insegura] a navegação na superfície ou abaixo dela, serviram para o progresso das táticas de guerra no mar.

E dentre os lamentáveis prejuízos à vida humana que a guerra [em geral] trouxe, algo de bom sobrou: o progresso tecnológico forçado. O radar, por exemplo, um invento aperfeiçoado em função desse esforço de guerra, constitui-se, hoje, em importante e imprescindível ferramenta para as ciências meteorológicas.

Fonte: Baseado na publicação "A Segunda Guerra Mundial". Vol. VIII. Editora Codex Ltda.

Clique nas fotos para dar o zoom.
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